É assim que te vejo, como alguém chegando, percorrendo os vários planos da aparição.
Depois.
A realidade é um lugar difuso. É necessário que nos esforcemos para nos mantermos os mesmos, e isso é tão difícil. É tão difícil mantermo-nos os mesmos quando percorremos lugares que são já outros.
Entretanto.
Há uma espécie de fustigação, um formigueiro que me sobe dos pés até ao tronco dos meus olhos. A visão turva-se quando a saudade ocorre e, de saudade em saudade, vamos alcançando o degelo do mundo.
Agora.
Quando chegas tudo arde, inclusive os corpos que habitamos. Devemos ser algo como: uma fusão. A fusão de uma matéria incandescente, um toque, um riso, o transfigurar de uma solidão.
Pretendi edificar-me um mundo de lugares intensos. Em uníssono, procurei um som, a repercussão do universo no instante que nós somos.
É isto, sofro de filosofia e desta necessidade de te sentir chegar.
Há lugares que são intensos. Algumas pessoas também o são.
Fotografia: Céu Baptista
Texto: Rui Carvalho