Tudo se trata de instantes, de fazê-los esticar até onde pudermos, o máximo que pudermos. Com o esticar dos instantes virá o distender da alma.
Há uma intensidade em tudo isto. Quando olhamos o mundo o mundo é em nós. É necessário estar atento. Saber aguardar. Aguardar que os instantes ocorram. Saber aguardar é toda uma filosofia.
Há um momento em que tudo ocorre. Nós estamos lá, nesse exacto momento. Sempre lá estivemos. Apenas não damos por isso. Não há um princípio. Não há sequer um fim. Há um instante em que tudo se repete. Esse instante chama-se grande explosão. Tudo se trata de grandes explosões. Tudo é fogo, tudo é em chamas. Há apenas fogueiras que ardem mais e outras fogueiras que ardem menos. Há também fogueiras que são apenas em potência, jamais se dão em acto. Apenas isso nos diferencia.
Devemos saber fazer-nos arder, deixar-nos incendiar por entre as chamas.
Esta é a beleza de tudo, tudo é dentro dos teus olhos.
Fotografia: Paula Santo António
Texto: Rui Carvalho