As flores nascem e murcham no mesmo exacto lugar. Assim mesmo, a vida e a morte professam uma mesma exactidão, ambas tendem uma para a outra. Eu tendo para restar só, para que em solidão possa escutar o sopro do mundo.
Atraídos pelo fogo, embarcamos verbos não dizíveis.
No principio era o verbo, lembras?
Esquecemo-nos do que mais importa. Que há fragrâncias que nos libertam, que tornados um somos tornados outros. Os opostos unem-se para o nascimento de um terceiro, o amor ou o ódio. A isso podemos dar um nome: dialéctica.
Há fragrâncias que nos libertam. Sentimo-las nos olhos, fervendo até ao céu. Libertos do que somos seriamos mais perto do fluir das coisas. Isso é o máximo que podemos ser: elevarmo-nos no sopro e soprados atingirmos a razia de um outro mundo.
Serei leve, leve até à queda. Na queda serei breve.
Cairei, com estilo…
Fotografia: Céu Baptista
Texto: Rui Carvalho