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domingo, 30 de junho de 2019

De Rerum Natura - IX - Fotografia: Paula Santo António; Texto: Rui Carvalho




Construí-o passo a passo, um lugar dentro da solidez. Fui do berço até à queda. É a queda que nos interrompe o chão. O chão interrompido vibra-nos o escorço das paisagens. As paisagens chamam-nos ao mundo e o mundo chama-nos ao chão. Há um momento, um instante irrompendo os lugares. Os instantes irrompem os lugares e os lugares depõem-nos face a face. Face a face com o mundo pomos os pés em algo sólido. Na solidez das coisas, os passos são estacados até ao espanto. O espanto sopra o sopro, um vento levantando-se com as cores. Quando as cores são ouvidas a paisagem torna-se outra.  
 Fui eu que quis esta solidão, o estranho lugar até aos pássaros dançando.

 De ouvidos rente ao solo, assim te aguardarei na nudez, os lugares inexprimíveis. Tu, dançando as cores do mundo.  

Fotografia: Paula Santo António
Texto: Rui Carvalho